segunda-feira, 9 de março de 2009

Portabilidade numérica em SP: poucos usuários vão às lojas pedir mudança de operadora

O primeiro dia de vigência da implantação da portabilidade numérica em São Paulo e região metropolitana foi abaixo das expectativas das prestadoras de telefonia móvel. Poucos usuários foram às lojas para solicitar a troca do número de telefone. Já os que compareceram, estavam ali, na grande maioria, para esclarecer dúvidas e confirmar se valeria mesmo à pena migrar de operadora, conforme contatou a reportagem do WNews.

A portabilidade numérica entrou em vigor no dia 1º de setembro de 2008. De maneira gradativa, de acordo com o calendário estabelecido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), as cidades brasileiras foram sendo integradas e os usuários pudem solicitar a mudança de sua operadora fixa ou móvel, sem a necessidade de alterar o número de telefone.

São Paulo, servido pelo DDD 11, e mais quatro regiões 53 (RS), 64 (GO), 66(MT) e 91 (PA) estrearam ontem (2/3) a portabilidade com 37,8 milhões de consumidores. Com a implantação completa do serviço, todos os municípios brasileiros atendidos por 67 DDDs foram inseridos no sistema, totalizando 193 milhões de usuários.

Para saber como foi o primeiro dia na capital paulista, a reportagem do WNews visitou lojas das quatros operadoras móveis: Claro, TIM, Vivo e Oi. Em todas, o movimento, segundo relataram os atendentes, não foi muito superior ao normal.

Em uma loja da Claro, localizada na Alameda Santos, no bairro dos Jardins, foram registrados cinco atendimentos referentes à portabilidade, das 9 horas até as 13 horas. Entretanto, apenas duas pessoas confirmaram a opção pela operadora – um ex-cliente da TIM e outro da Vivo. “O movimento está interessante, mas poucos clientes estão mudando de operadora. Talvez porque ainda muitos não sabem como funciona a portabilidade”, comentou o atendente do estabelecimento, que pediu para não ser identificado.

Já o ponto autorizado da Vivo, instalado no Conjunto Nacional, conglomerado de lojas e apartamentos residenciais da Avenida Paulista, a movimentação no horário de almoço foi grande. No entanto, pelo que a reportagem apurou, a maior parte dos clientes estava interessada em mudança de plano ou troca de aparelho.

A gerente da loja não pode informar o número de portabilidade feita no local, tampouco, a quantidade de atendimento efetuado. Apenas “estamos satisfeitos com o primeiro dia”, resume a funcionária, que também pediu para não ser identificada.

Quem não estava tão satisfeito assim era o supervisor da loja do Oi do Shopping Eldorado. Em conversa com a reportagem do WNews, o funcionário comentou que o movimento até às 15 horas foi inferior ao previsto. “Tivemos apenas seis atendimentos. Mas pelo menos todos vieram fazer a portabilidade”, informa o gerente, sem se identificar. “Até o final do dia estamos esperando um aumento de 30% no movimento da loja”, afirma.

Três pontos autorizados da TIM foram visitados. Em dois, um na Avenida Paulista e outro no Shopping Eldorado, o movimento estava tranqüilo. Já no Conjunto Nacional, apenas três pedidos de mudança de operadora foram realizados.

Expectativas

Embora a adesão da portabilidade numérica no primeiro dia esteja baixa nas lojas visitadas pelo WNews, executivos e especialistas confirmam que São Paulo representa a maior fatia de usuários que possivelmente serão beneficiados pelo novo sistema.

“No começo, o índice de adesão tende a ser baixo até porque nem a Anatel nem as operadoras iniciaram uma campanha forte sobre a portabilidade”, pontua Luiz Antonio Vale Moura, coordenador do grupo de implantação da portabilidade numérica do órgão regulador.

Moura informa que entre os dias 12 de março e 10 de maio haverá intensa divulgação esclarecendo os brasileiros sobre o que é portabilidade numérica e como fazer a mudança de prestadora de serviços.
“São Paulo tem um peso extremamente importante nesse processo. O DDD 11 representa quase 16% dos usuários brasileiros, além de a região ser a fonte geradora e receptora de tráfego telefônico no país”, diz Moura.

De acordo com a ABRTelecom, entidade responsável pela administração da portabilidade numérica, desde o início do serviço, até a meia-noite de quinta-feira (26/2), foram registrados 491.823 pedidos de troca de telefonia fixa e móvel. Desse total, 319.907 referem-se a solicitações de usuários de telefonia móvel e 172.016 de telefonia fixa.

Estratégias das teles

Com 45 milhões de clientes, dos quais 14 milhões em São Paulo, a Vivo preparou ofertas para atrair novos clientes como entrega de aparelhos grátis, bônus de mil minutos e descontos nos pacotes.

Carlos Cipriano, diretor da Vivo em São Paulo, comenta que empresa está preparada para receber novos clientes, entretanto, não vai à luta com estratégias agressivas. “A portabilidade numérica é uma questão de comportamento do consumidor. Ele mudará de operadora apenas se estiver insatisfeito com o serviço de tecnologia, cobertura e atendimento. Preço é um ponto atraente, mas não totalmente decisivo para uma migração”, avalia o executivo.

“A 3G com certeza deve segurar os números da empresa este ano. Por isso vamos investir intensamente na tecnologia em 2009”, declara Cipriano.

Em questão de agressividade, Oi, que chegou a São Paulo em outubro de 2008 e registrou até o final do ano passado dois milhões de clientes, entende que isso é preponderante para aparecer na capital.

Além dos planos para atrair novos clientes, a empresa anunciou que isentará seus consumidores de multas contratuais por tempo mínimo na empresa, caso o cliente queira sair da operadora. “Depois de um estudo de dois anos, chegamos a conclusão que esta ação é viável”, explica Flávia Bittencourt, diretora de marketing da Oi.

A executiva aposta que a portabilidade vai ajudar a empresa a levantar os números no Estado paulista. “Agora vamos começar a falar em concorrência leal nas teles móveis. Pois cada empresa terá de oferecer o que tem de melhor para segurar seus clientes”, afirma.

Na cartilha da livre concorrência, a Claro chega com a estratégia que permite o novo cliente testar o seu serviço. Se por ventura o usuário não ficar satisfeito com a operadora, a prestadora garante que o consumidor poderá sair sem qualquer ônus.

“A Claro entende que a portabilidade numérica é um direito de escolha do consumidor, mas reconhece que toda mudança gera insegurança. Por isso, nos posicionamos de forma aberta e transparente diante de uma nova adesão” defende o diretor de marketing, Erik Fernandes.
Já a TIM, que caiu para o terceiro lugar no ranking das maiores operadoras móveis do país, dando lugar para a Claro, vai brigar pela portabilidade por meio de pacote composto de planos de minutos para móvel e fixo, o TIM Fixo. Foco que, segundo a operadora tem pouca concorrência, porém, bem competitivo. Outra reação da empresa é a venda de planos de 3G na modalidade pré-paga, em que o assinante paga R$ 5 por dia e tem acesso ilimitado, desde que tenha o modem.

Fonte: WNews